quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Carência camuflada



No inverno, não preciso fugir do barulho. Ele traz o silêncio que incide na névoa.
Esse tempo frio possui um cheiro gelado. Um tom desafinado.
Que ecoa uma sensação profunda quase de abandono. Eu gosto!
Aquela fumaça cinzenta encobre alardes mentais e sossega a alma..
Tudo parece caminhar lentamente. A tranquilidade move a fé.
Nos póros enrijecidos: Carências camufladas e invisivéis aos olhos alheios.
Lágrimas, se escondem por trás dos agasalhos.
Porém, a alma fica mais leve. O járdim mais verde.
As sementes germinadas, enfim, florescem..  
As pessoas vestem-se elegantes. O pesar, torna-se vibrante.
Ainda ontem tudo era brasa. Hoje, apenas fumaça fria e cappuccino quente.
A gotícula que paira no gravetinho marron e frágil, congelou-se...
A cena roubou-me a atenção, desejei ser aquele graveto por um instante.
Seria bom não sentir nada? Nem falta de amor, nem saudade, nem culpa?
Ignorei tal pensamento. Já estava delirando com o vento frio. 
Ah! Como eu queria congelar esse amor que sentes por mim!
Sei como cruelmente me tornei um abismo.
Sinto o quanto seu grito sangra. Sua dor, também me corrompe.
Não ouço meu coração palpitar serenamente, como antes.
Agora, pertence à um ritmo desconcertante e compulsivo.
Imploro para que minha prece traga-lhe momentos de paz e glória.
São apenas preces, entretanto, julgo-as poderosas.
É o melhor que tenho em mim, para ofertar à ti.
E que o frio limpe e leve embora toda essa impureza sentimental.
E que ao nascer do sol, sejas feliz e completa nos braços de outra moça.
Afinal, convivo com esse frio no meu interior até quando se vive na primavera. 
Não desejo que o mesmo aconteça contigo. Deixei a frieza se instalar em meu peito.


E viver assim, sozinha e ao meu modo, cativou-me a alma.
Quem sabe, não sou uma dessas pessoas tristes esperando uma cura!