domingo, 8 de maio de 2011

Transparente


Atirei dez pedrinhas de gelo na cortina de tons variados.
Misturei o beje escuro com o limão estragado.
Pintei um céu cor de rosa no fundo escuro da sua tela mal acabada.
Surgiu um azul com a ponta branca entre os laranjas.

Observei os restos de faíscas foscas da vela queimada.
Cortei as plantas carnívoras do vaso pálido.
A raiz escarrou uma gosma vermelha de cheiro asqueroso.
Cobri de preto o colorido do decote costurado em v roxo.

Passei lápis azul e vesti saia vermelha (quase puta)!
Descobri que o  medo tem cor verde brochante.

Cobri seus cinzas com adornos prata e dourado.
Escondi a mala lilás em baixo da escada.

Começou sem empolgação.. diria cor marrom!
Depois que mudou o ritmo pintei de amarelo.
Mais alguns minutos e fingi orgasmos multicoloridos.
Por fim, voltei à vida transparente.