domingo, 21 de agosto de 2011

Ao abstrato



Não é para ser poesia, nem ter rima e tão pouco simetria.
Nada mais que palavras traduzindo pensamentos.
Misturando teimosia com a eterna confusão do dia a dia
(sou dona de um maldito juízo desequilibrado)
Diriam: misteriosa? Difícil? Nem um, nem outro.
Observadora, talvez me caberia!
.. as garotas gostam de quem escreve poesia ..
O que me difere delas é que prefiro procurar a tal poesia.
O cenário é bem complicado .. Entretanto, mais saboroso.
Afinal, algumas palavras ou até mesmo inspiração
... estão trancadas dentro delas, descobrir é uma delícia e muito perigoso!  
Sou mantida em constante cativeiro platônico (por interesse). 
Onde brindo o intocável e celebro o ponto final de cada movimento. 
Minha alma é fácilmente coagida pela beleza de uma mulher. 
(beleza que ultrapassa os traços do corpo)
As inteligíveis, tornam-se banais.
As que tentam interagir, tornam-se mais uma.
As intelectuais tornam-se o fruto proibido
.. consequentemente: a poesia! 
Nas tentativas falhas de "pluralizar" um querer particular
Faço-me banal tornando-me mais uma .. diria até clichê!
Mas tenho certeza que tê-las como eu tive (na imaginação) 
.. ninguém terá .. pois não sabem apreciar a essência ..
As que não tiveram oportunidade alguma, perguntam-me:
"De que vale a essência de uma mulher que você nunca irá saborear"?
.. para irritar poderia eu ser irônica dizendo que vale o poema que tanto queriam ..
(deixe esse meu defeito de berço para lá)
.. provida da verdade que fere, digo:
"vale apenas uma figura abstrata, nada mais"
.. antes de ser poesia escrita foi um dilema 
um talvez, uma possibilidade, foi um sonho 
uma nuvem, uma conversa, um retrato
foi olhares dissimulados ..  
Com o pensamento lá do outro lado sei que nunca valerá a pena
E ainda assim insisto em criar algum poema!