terça-feira, 23 de agosto de 2011

É tudo verdade




É verdade que minha cidade guarda os segredos dos coloridos das árvores e bichos.  É verdade que ela é magnífica em noites de carnaval e retêm as flores mais perfumadas. É verdade que a arara pousa no muro do meu quintal e brinca com outros pássaros no varal.
Também é verdade quando digo que amo essa cidade em dias de frio, ela possui vários céus, que muda o tom à cada fim de tarde (ainda ontem eu observava ao sul um céu rosa com laranja .. hoje tudo é cinza e azul).

Ah cidade morena .. tu és tão esplendorosa quanto exuberante e é verdade quando digo que te amo mais que qualquer outra morena! Caminhei até aqui rasgando com o rosto o vento gelado, só para abrir o zíper do meu casaco e respirar bem fundo, à fim de guardar esse ar puro que percorre entre a ponte e o lago.

Brinco de piscar os olhos possibilitando analisar-te em todos os seus ângulos .. vejo multidões de pontos luminosos e vem ao pensamento uma aflição, da qual não consigo livrar-me: Devo desistir, me render .. pular?! Um silêncio profundo e obscuro salta de algum lugar e escorre pelos meus olhos. 

É verdade que não estou sozinha .. ao meu lado, árvores e bancos .. acima a lua brincando de esconde esconde .. abaixo essa água escura .. ao redor a brisa fresca. Sinto-me tão triste e isso é um absurdo, sou tão feliz, mas parece-me que sorrir agora é loucura. 

Eu quis estar aqui para testar minha lucidez. É verdade que talvez fosse a última vez que eu tenha falado com ela, mas não seria justo fazer isso comigo .. Toda noite a sinto tão próxima (menos de seis passos), entretanto, tão distante.. Imaginei nós duas sozinhas nesse lugar (juntando o som daquelas conversas ao som dos carros bem lá no fundo) e é irônico perceber que pareço-me como um daqueles carnavalescos vestidos de pierrô.  É verdade que estou confundindo tudo, mas isso você não precisa saber .. eu não a compreendo e vice versa e eis aqui nossa única semelhança, além das músicas, é claro!

 .. Minha mente esta uma confusão .. há um turbilhão de sensações invadindo-me a paciência, fingirei calma .. não quero ninguém com pena e nem pensando quando será o fim .. Tenho planos, escolhas, aspirações, sorte, amigos, pessoas que me amam ..  

 É verdade tudo o que eu ouvi a tarde .. Mas ainda prefiro a delícia do talvez e da incerteza, pois de hoje em diante eu vivo entre esses decimais e sobretudo, é verdade que desde segunda feira tenho brincado de viver a vida .. não vejo outra maneira de encará-la .. talvez dando uma falsa risada mil vezes, eu encontre um risada verdadeira!     

Totalmente desinteressante (não leia)!



Não tenho nada à escrever e ainda assim quero tentar ..
Terrível hábito maldito que expõe a limitação de silenciar ..

.. talvez para aliviar a rigidez desse músculo hipócrita e asqueroso ..
.. talvez para registrar a ridicula mania de escrever coisas desinteressantes!

Não é poema .. não é poesia .. nem sequer um textinho minúsculo ..  
Declaro com as palavras que virão a minha falta de coragem diante de tudo ..
(penso até em suicídio).

.. mente vazia .. sem pensamentos .. nenhuma lembrança .. nada de emoção ..
Inserindo cor à cena, seria a branca .. leve, pura, calma, triste, insensata e livre!  

Se fosse provida de música, seria "Nothing else matters" tocada ao violino de David Garrett.
Acordes para embalar uma terça desprovida de alegria como a sala de um consultorio qualquer!

Gostaria de ser um vaso estreito, como aqueles que as donas de casa costumam colocar de enfeite.
.. não consigo imaginar nada mais triste que isso e as visitas ainda contemplam tal solidão!

Parece que o clarão foi tão forte que ofuscou até a luz do sol que brilhava no horizonte.
.. hoje não me importaria se ele queimasse meu rosto, ombros, poderia queimar toda a pele!

Observo as pessoas constantemente .. ás vezes crio um ou dois parágrafos pensando nelas ..
Algumas despertam-me curiosidade e solto um riso no canto dos lábios!

Poucas encantam-me, à elas transmito toda positividade e dou-lhes meu respeito.
Entretanto, raras são as que conseguem dominar um poema por inteiro!

"E apenas uma (eu disse apenas uma) que nem à poema consigo reduzi-la.
.. pois não há palavra que dê significado ao esquema de pequenas sensações
que fazem a mão transpirar quando a vejo se aproximando com ar de zombaria
.. portanto, fiz um acordo comigo mesma: Longe, me manterei.
.. criando um poema à cada dia com o intuito de precipitar um fim .. assim, logo passa!"

Ei?! Espere um pouco .. Esta vendo?! O assunto nada tinha a ver com isso.
.. e lá veio ela novamente invadir meus pensamentos ..