segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O troco!



 Ascende um cigarro, prepara uma dose, deixa-me sem palavras e me seduz.
Fico brava. A culpa é dela e realmente não acredito.
Admito: Não presto. Confesso: Não quero prestar! 
Isso promove vontades e desejos em nós.
Nada mais que isso?! Provavelmente não.
Porém, excito-me com essa ficção tão necessária.



Podem pensar, julgar, criticar, enfim, isso contribui pro nosso jogo.

Pois quanto mais eu perceber uma ação contrária do que almeijo
A vontade em  tê-lá, crescerá e certamente, darei o troco!
Ela tenta me calcular feito equação matemática!
Tenta me desvendar, teima em analisar-me, porém, nunca me arquivar!
Francamente, detesto isso. Ela sempre acerta e é horrível me conhecer.
Ela tira a minha paz e tem certeza de que eu adoro isso.
E eu, bem, eu deixo ela pensar e fazer o que quiser.
Pois somos livres e isso às vezes nos prende, mas é bom.

Esta é a forma mais excitante de dominar alguém:
Invadir o pensamento, dominar uma sensação...

Transformá-la em poema e ser a personagem principal.
E isso, ela faz bem. Muito bem!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Inerte


Não há mais segredos
A porta  fechou-se
A vibração pulsou até explodir
O tic tac que vinha do relógio quebrado
Fez-me perceber que o tempo havia se esgotado.
Calculei cada segundo que desperdiçei contigo
Analisando o passado, claramente enxerguei os erros
Nessa manhã, as respostas fizeram absoluto sentido
As más lembranças e os restos de amores passados
Se despediam vagarosamente dizendo adeus.


Libertei-me e busquei fôlego
Observei meu olhar diante do espelho
Por um longo tempo permaneci irredutível
Lembranças da sua possessividade traziam-me angústia
Hoje, não sinto nem dor.
Observei que o tempo necessário para te esquecer
Fez-me inerte e congelante
Não sentia-me viva e tão pouco quente
Porém, tudo o que eu havia me proibido de viver
Diante daqueles ponteiros se desfez!
Aquele simples relógio apagou-a da minha memória
Hoje, você esta na bagagem
Aquela história esta no passado
Pois aprendi à imaginar um mundo de ficção
Onde nada, é impossível para o tempo!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Tentação



Se eu revelasse o que escondo entre as paredes do coração
Eu teria que fazer-te um pedido no final do meu discurso.


Se eu deixasse transbordar em palavras o que sinto
Afogaria-te numa onda de vício e com  beijos sopraria-te vida.


Andastes por aí com o vento despenteando seu cabelo
E distribuindo sorrisos irônicos e sarcásticos.


Olhos verdes vibrantes. Jeito sexy. Palavras provocativas.
Reformulando você para mim, não há mistérios.


Pois sabe, de um jeito extravagante dizer bem o que quer
Eu, que sou um pouco tímida, me encanto com isso.
Entretanto, fico em silêncio, certa de que lhe corresponderia!


Quando exagerastes no álcool, sua fala rouca
Perturba minha abstinência.


Aquela ação sedutora de soltar a fumaça do cigarro
Fica tão irresistivel quando vem de você.
Quero morder seus lábios e roubar seu batom vermelho.
Quero brindar com o destilado mais forte a sua essência.
E depois sentirei seu perfume e provarei os seus amassos.


Matarei minha vontade saboreando-te com o paladar.
Venha?  É hora de cair em tentação!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Desculpe!



 O amor existe ou não existe? Eis a questão!
É perigoso expor minha opinião.
 O que penso gera polêmica e cria confusão.
 Não quero acabar com as esperanças ilusórias destes que amam
Ou esperam um grande amor acontecer.
O que defendo é que: Se esse tal "amor" existe
 Nós, errantes e mentirosos, entre tantos outros defeitos
Não sabemos amar!
 Aprendemos à andar, falar, à lêr, alguns pisam na lua, estudam o sol..
Outros pintam quadros, escrevem poemas, sabem pilotar e criar bombas nuclear.
 Porém, amar não cabe à nós. Somos péssimos nessa arte!
Amar é um nível espiritual tão elevado e delicado
Que exige tanto cuidado e leveza de alma
Que nossos erros diários e sucessivos, nos impede de exercer tal sentimento.
Desculpe .. Mas tenho que falar: Não sabemos amar!!
Podemos tentar e tentar, sem chances de alcançá-lo.
A prova disso, é sempre querermos quem não nos deseja
E não desejar quem nos ama!
Eu não me iludo. Prefiro me apaixonar do que me enganar com um falso amor.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Carência camuflada



No inverno, não preciso fugir do barulho. Ele traz o silêncio que incide na névoa.
Esse tempo frio possui um cheiro gelado. Um tom desafinado.
Que ecoa uma sensação profunda quase de abandono. Eu gosto!
Aquela fumaça cinzenta encobre alardes mentais e sossega a alma..
Tudo parece caminhar lentamente. A tranquilidade move a fé.
Nos póros enrijecidos: Carências camufladas e invisivéis aos olhos alheios.
Lágrimas, se escondem por trás dos agasalhos.
Porém, a alma fica mais leve. O járdim mais verde.
As sementes germinadas, enfim, florescem..  
As pessoas vestem-se elegantes. O pesar, torna-se vibrante.
Ainda ontem tudo era brasa. Hoje, apenas fumaça fria e cappuccino quente.
A gotícula que paira no gravetinho marron e frágil, congelou-se...
A cena roubou-me a atenção, desejei ser aquele graveto por um instante.
Seria bom não sentir nada? Nem falta de amor, nem saudade, nem culpa?
Ignorei tal pensamento. Já estava delirando com o vento frio. 
Ah! Como eu queria congelar esse amor que sentes por mim!
Sei como cruelmente me tornei um abismo.
Sinto o quanto seu grito sangra. Sua dor, também me corrompe.
Não ouço meu coração palpitar serenamente, como antes.
Agora, pertence à um ritmo desconcertante e compulsivo.
Imploro para que minha prece traga-lhe momentos de paz e glória.
São apenas preces, entretanto, julgo-as poderosas.
É o melhor que tenho em mim, para ofertar à ti.
E que o frio limpe e leve embora toda essa impureza sentimental.
E que ao nascer do sol, sejas feliz e completa nos braços de outra moça.
Afinal, convivo com esse frio no meu interior até quando se vive na primavera. 
Não desejo que o mesmo aconteça contigo. Deixei a frieza se instalar em meu peito.


E viver assim, sozinha e ao meu modo, cativou-me a alma.
Quem sabe, não sou uma dessas pessoas tristes esperando uma cura! 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Segredo da taça




Essa madrugada, pintei uma lembrança na parede do meu quarto. O resultado é uma obra de arte fantástica. Cujo o nome é "Segredo da taça".. Só para tu, farás sentido este nome!  Misturei pensamentos com o formato dos desenhos e o tom das cores fez-se uma imagem abstrata. Para cada cor usada, para cada traço, uma recordação que me remete à um calor compulsivo e uma respiração descontrolada!


Enquanto escolhia as cores, lapsos dos gemidos invadiam-me os ouvidos num sussurro irreal que, impulsionava-me à mais um risco bem elaborado ou mal feito! Os rabiscos, ora horizontais, ora verticais.. Vinham da memória ao lembrar-me dos seus movimentos embalados pelo ritmo dos meus dedos.. Pela experiência dos meus lábios.. Pela maciez da minha língua.. Pelo toque nas costas, verilhas, seios, coxas.. Ah! Esse seu corpo me traduz o que é orgasmo! E vivo com sede das tuas curvas ardentes e insensatas.


Aquela taça que usamos, ainda esta à beira da cama.. É como se aquela chama permanecesse ascesa. Ainda lembro-me na sequência os acontecimentos: - Atração - Olhar - Clima - Proposta - Cheiro - Ritmo - Provocações - Paladar - Taça - Vinho - "Segredo" - Gozo - Gozo novamente - Para!


Sentastes em meu colo e me deixastes excitada.. Chamei pelo prazer.. Usei-o e me despedi.. Sexo contigo é divindade e no debater dos nossos corpos banhados à vinho e suor, consumi-lá e abusar de ti,  foi a melhor parte!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Velho amor




 Ego destruído pelas mentiras e fraquezas de um velho amor.
Alma exposta ao sofrimento sem direito à rancor.
O prazer caminhava ao lado da satisfação, eis que veio a realidade massacrante.
Usurpou a alegria e sorrisos levando embora a idéia de paraíso.
A abstinência e o tédio se revezavam durante o dia.
Dilacerante, a dor da perda condenou-me à tais emoções.
Sem escrúpulos destruistes o "nosso" presente e futuro sem pedir perdão.
Fez-me acreditar em seus olhares de admiração e nas frases bem elaboradas.
Sua inconstância azarou-me e sua sutileza virou desamor.
Para ti, fui a tradução da palavra exclusividade.
Perante à desilusão que causastes, entrelaçei arames farpados no coração.
Na forma musical: Fiquei fechada pra visitação!
Vesti-me com armadura impedindo qualquer aproximação.
Inventei alguns poemas e tirei algumas notas tristes do violão.
Passo à passo .. Dia à dia .. Fui me curando do amargo da solidão.
E consegui entender o porque de acharem o "tempo", o senhor da razão.
À cada manhã de sol, deixava aqueles raios penetrarem meus pulmões.
Bem estar! Alto astral! Aos poucos a felicidade adentrava em minha vida.
Criei asas e voei na minha imensidão inventada.
Senti-me, finalmente, pronta para deixar-te.
Quando os planos de um futuro são conjugados no plural...
Se adaptar ao somente "eu" é embaraçoso e imprevísivel.
Mas sempre funciona e no final eu escapei!
Sei que jamais sentirás na pele como é ver o meu amor por você...
Pois pulou de uma paixão para outra sem o menor pudor.
Preencheu o seu vazio com outro amor.
Não me verás indo embora e isso te causando imensa dor.
Assim como a lua transgride suas fases, o coração repete o mesmo processo.
Ele se afoga à cada desespero e se renova à cada paixão.
Eis que, surge essa espectativa que me faz enxergar quão desajustada era você.
Esperanças de olhos firmes e palavras que ecoam como experiência.
Um verde lindo, vivo e vibrante brota do concreto sujo de uma parede qualquer. 
E eu que era só tua.. Hoje me completo nos braços de outra.
Essa paixão surgiu ao acaso, invadiu, procurou e achou espaço.
Foi uma bela surpresa de Deus, nem mesmo eu esperava.
E tem coisa melhor que acordar com suco de laranja, rosas e torradas?!