quinta-feira, 4 de julho de 2013

Silêncio.


Palavras ... Ruídos ... Sensações ... Mistérios ...
É tempo de pausa. Portanto, calo-me. 
E assim, nasce o silêncio e a angústia dos mortais.

Tantos foram os vendavais.
Criou-se diversas espécies de rigidez emocional.
Que hoje, se abala feito vento forte que ecoa ao sul, ao norte ...

O homem criou as quatro direções para saber que o sul sempre esta as suas costas.
Segui o rumo da intuição, cujo caminho trouxe-me aqui.
O que pensei que era forte, se constrói a base de sorte.

Palavras vieram feito ruídos, causaram sensações e agora é só mistério.
Minha alma desfalece tensa e a cada instante perde os sentidos.
E antes? Antes, era só primavera. O presente é inverno e tudo congela.

Momentos que parecem torturas e geram conflitos.
Perturbam e nesse emaranhado, confundo o verdadeiro e o falso.
A tarde contorna as paisagens e traz a angustia (que grita).

Peço socorro! Grito. Clamo. Faço da minha voz aguda e elevada.
E num brado alto, exclamo minha dor, meu espanto e minha raiva.
Mas tudo não se vai, pois faço tudo em silêncio.

Então, de repente crio uma vontade abstrata:
Subir no topo da montanha mais alta e alcançar as nuvens. 
Pedindo para que levem esse nó do meu peito e o conduzem para longe.

Vá .. Leve .. Vá .. Adiante! 
Para longe ... Vá!

Jean Paul Sartre defendeu que a angústia surge no exato momento em que o homem percebe a sua condenação irrevogável à liberdade.

De fato, sinto-me presa a esse nó e não sei desatiná-lo, pois ele possui segredos invisíveis em formas transparentes que se fazem enganar.

Encaro esse conflito em silêncio, tentando encontrar um fino equilíbrio que me faça lembrar de como era antes e de como tudo era tão raro.

Circunstâncias cotidianas abafaram-me, brotando angústias intransitáveis.
Silêncio aqui dentro. Silêncio lá fora.
Silêncio, apenas.













terça-feira, 14 de agosto de 2012

Vem cá menina.



Cadê aqueles carinhos? Cadê o tempo que eu era teu benzinho?
Vem cá menina que veste blusa de quadrinhos e calcinha azul marinho ..
Seus cabelos despenteados criam vontades invísiveis ..
Seu cheiro me excita lentamente .. embriaga .. envenena!
Vem cá menina .. aqui .. para cá .. menina .. vem .. vem .. vem ..
Não vá dizer que não quer um abracinho ..
Não me recuse os teus beijinhos ..
Vem cá menina .. aqui .. para cá .. menina .. vem ..vem .. vem.
Vinte e poucos anos, usa óculos cor de rosa com batom vermelho ..
Ouve Bethânia, Chico e Legião Urbana ..
Oh menina, que morde os lábios chupando chicletes ..
Vem pintar sua criatividade dentro do meu quarto ..  
Espalha teu sorriso pela sala .. gruda sua coxa na minha boca ..
Oh menina cheia de tatuagens .. deixe esse passarinho voar ..
Deixa ele alcançar o medo de amar ..
Vem cá menina .. aqui .. para cá .. menina .. vem .. vem .. vem.
Oh que saudade da sua fotografia ..
De como você brigava quando eu insistia ..
Oh menina, do País das maravilhas ..
Deixa teu corpo atirado na minha cama ..
Tira essa roupa engraçada e fica de meias coloridas ..
Que eu vou moldar meus desejos nas suas curvas ..
.. ai menina! ai menina! 
Vem cá menina .. aqui .. para cá .. menina .. vem .. vem .. vem. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sem título!



Ouvidos atentos, sensíveis à sonoridade dos passos de quem chega ou vai.
Deixei a vida para lá .. Larguei meu relógio .. Enverguei o corpo para cá ..
Percebi o óculos embaçado, mas e daí? Queria mesmo era ver a lua!

O silêncio surgiu agindo como as cores, roubando sentidos incertos. 
A paisagem versa no brilho dos olhares e faz-se abrigo seguro.
O toque sutíl e o abraço mansinho, causa o equilíbrio.

Amor, mal chegastes e já vai embora?
(a razão compreende .. o coração se faz de tolo).

Tiro a sandálinha de couro .. Sinto a positividade da grama.
Ainda resta alguma tentativa frouxa de erguer-se em meio ao caos.
Ou ao menos, deveria existir.

Foram quarenta dois passos no asfalto.
Uns vinte e seis no cimento.
Depois, virei pó .. Um pó fino .. pó!

E quando eu não alcançar as estrelas e não poder lamber a lua?
Para suportar minha velhice hei de comprar livros de filosofia.
E algum que explique sobre essas dores no joelho.

Gostaria de fechar os olhos e de abrir os braços ..
Deixar a desorientação guiar meus instintos ..
.. mas não aceito o desafio e proibo-me sentir frio.

Hoje e os dias próximos que estão por vir, dispenso companhia .. 
Despejo sentimentos e despenco em agonia.
Não deve ser ruim se eu souber valorizar meu canto.

Oculto o desespero .. Escondo a face .. Driblo o espelho ..
Não me compre uma flor .. dê-me um doce, talvez maçã do amor!
Descansarei naquelas rosinhas brancas e amarelas e acordarei no paraíso.

Esta de malas prontas há cinco meses .. Aceitei tal afastamento.
Renuncio do que lentamente o tempo construiu e não o pretendo resgatar.
Isso não é fácil, requer um estado de espírito que nem todos aguentam.

A distância zomba e insulta como se fosse provocação.
Eis chegada a hora de providenciar o absurdo de ser o que não se é.  


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ela



Quero mudar de espécie .. Odeio seres humanos.

Agora quero ser passarinho! E passarinho serei. Capaz de construir o próprio ninho. Colher o que semeei. Voar por aí sem medo de esbarrar no vizinho.  Cantarolar como se fosse rei.

Quero bater as asas e sentir o que for. Menos que pequei. Cuidar das pétalas caindo da flor. Lembrar do bico da passarinha que biquei. Comer as migalhas de amor.

E tentar dizer que foi ela que eu sempre esperei. Esperei? Não, nem esperei, foi uma zombaria. Isso! Peças que o destino prega na gente .. conheces?

E a gente fica assim .. meio sem saber o que fazer .. Querendo ser passarinho e voar .. Voar para que? Voar para fugir!

Pois fugir é melhor que admitir .. Voar é mais fácil do que se entregar!

Se ela soubesse dizer que sim, poderíamos ser passarinhos e construir um ninho e cantarolar juntas e bater as asas e bicar o amor e cheirar a pétala da flor e brincar de zombar a vida construindo amor.

Mas ela não sabe e se esconde atrás da árvore, não voa, não aparece, não quer .. ela inventa razões para não me deixar entrar e me expulsa e diz: não quero mais, isso não serve para mim.

E eu? eu queria saber convencê-la de que eu me encaixo nos planos labiais dela .. mas nem mesma eu sei se me encaixo ou se engordei!

É apenas um pensamento .. ou um querer .. sei lá, diria devaneio .. mas como não divagar sendo ela a dona do meu "acreditar"?!

Sendo ela .. sempre ela .. a inspiração que me faz pirar e qualquer dia pirarei de vez.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Objetos



 Ocuparei este curto espaço para amontoar pensamentos que não consigo guardar em mim, criando uma forma viva de expor essa decepção constante que todos covardes insistem em fazer repetidas vezes uns com os outros enquanto exorcizam seus medos na vulnerabilidade alheia.

Não estou disposta a enfeitar as sensações que a maldita segunda feira ímpar causou em tudo que pensei ser verdade e era apenas princípio de cinismo .. não sei porque lembrei daquele sorriso ..
Lembrei, entretanto, irei esquecê-lo .. no que se trata de sentimentos, nada sobrevive mais que 48 horas, depois disso, eles perduram até o prazo de validade, afinal, ninguém suporta viver em uma agonia, principalemente os loucos (onde me encaixo).

 Eram quase duas da madrugada e desliguei o celular para chorar .. E ter chorado, provocou uma imensa vontade de rir! (bem mais estranho que aceitável). Lembrei-me das palavras usadas de maneira espontânea e fiz duas perguntas para aceitar a realidade. Confesso que quase acreditei naquele momento sendo transformado em arte contemporânea, porém, foi abstrata!

E de repente, percebi que todos são iguais, inclusive, quem pensamos ser diferentes.
Parece tão clichê dizer que gostamos de alguém e o alguém, através da "emoção do momento", repetir o que dizemos como se através de algum passe de mágica, iria ser verdadeiro e tão eterno .. Eu fico realmente encantada com a capacidade das pessoas amarem tanto e ainda mais de trocarem seus amores por outros amores maiores e depois maiores e depois mais verdadeiros e infinitos e vivem contos de fadas e depois (re)vivem! Uau .. impressionante isso!

As pessoas ficam carentes quando gostam de outras pessoas, mas eu até que entendo .. Deve ser bem complicado criar uma maneira de expor um sentimento mandando bombons e vinhos e quem recebeu terminar a noite com tequilas e beijos clichês em outras pessoas, não em quem expôs algum provável sentimento! Assim como deve ser pior ter a irônia extrema de se declarar contra "falsas postagens de amor tecnológico" em redes sociais encenando o exibicionismo, e em seguida, se declarar esperando o tal que em tão pouco tempo tornou-se especial .. Era para rir ou é pura cara de pau?!!

Eu realmente detesto o que considero "modinha" e não faço nada do que eu não queira fazer .. Sou assim, ninguém além de mim, precisa me entender .. Quando gosto é para valer! Por isso prefiro fugir quando sei que não há uma reciprocidade sentimental, pois cá entre nós, deve ser bem injustiçado àquele que gosta e aceita não ser gostado .. Acreditava que o amor devia ser dividido e pensava assim, pois acreditava no amor, talvez eu ainda acredite, mas prefiro não acreditar .. É melhor para minha saúde! 

Aliás, não acredito em mais nada .. Quase voltei à acreditar nas pessoas, mas à cada dia que passa, elas me mostram que realmente somos todos objetos em vitrines transparentes, esperando ser materializados com a intenção de suprir alguma necessidade do negociador. Alguns oferecem brincar de amor .. Outros oferecem infinitas cenas românticas que acabam antes da meia noite .. Outros brincam de transformar o interesse em arte .. E tantas outras infinitas loucuras, basta ter criatividade para lidar com o objetinho ao seu dispor.

Eu fui um objeto .. Servi para distração e entreterimento, meu apelido seria: video game em 3D!! 



quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vontade de círculos



De repente, despautérios causam incidentes temporais .. O vento anuncia um certo deslocamento de atmosferas .. Na sequência vem a garoa miúda inventando chuviscos febris .. Por fim, o frio, com sua timidez inexpressiva e cruel, obstruindo emoções e arquitetando maneiras para tiranizar carências escondidas rente a pele que titubeiam reflexões invisíveis.


Por confiar na previsão do tempo, esqueci o guarda-chuva no parque, pendurado em um dos galhos daquelas árvores sem folhas nem frutos, apenas desprovidas do verde, porém, diariamente mais belas e ordinárias .. Perdoe-me guarda-chuva?! Lamento ter o deixado correndo perigo na solidão da madrugada .. Quem sabe um casal apaixonado, leve-o para casa.


Decomponho-me em alucinações racionais que elevam o desespero de um quase amor, à uma vontade impotente que cria tempo perdido e deixa um fiapo de saudade, que sempre se transforma em vontade.
-- Vontade de que? (pergunta a angústia).
-- Vontade de círculos! (responde a irracionalidade).

Provida de um lento racíocinio, tento explicar de forma descomunal um sentimento às avessas:
.. As pessoas não deveriam dizer que "o para sempre, sempre acaba" ou que "nada é eterno" ..
Deveriam aprender a não ferir a eternidade ..  Deveriam buscar o sentido verdadeiro de seus desejos e não se entregarem a momentos clichês, pois assim, tornamo-nos frágeis objetos para prazeres alheios.

Persiste uma dúvida: O que seria vontade de círculos?
Ponho-me à beira do rídiculo e cometo suícidio:
É desejar a mesma mulher todos os dias .. É fazer de seu corpo, um templo sagrado e profano .. É morar nos abraços e beijos, esconder-se no cheiro e aliviar os medos .. É estar em constante estado de graça e contentamento .. É sorrir aquele riso bobo sem que haja algo engraçado .. É tocar, é correr, é construir, é fugir .. mas sobretudo, voltar .. Afinal, os círculos nunca se desfazem.

Vontade de círculos, talvez seja o príncipio do amor .. será?
Verdade seja dita, o único tempo no qual devemos acreditar é no do coelho ..
Quando Alice (no País das maravilhas), pergunta ao coelho: "Quanto tempo dura o eterno?".
O coelho responde: "As vezes apenas um segundo".

Gostaria de saber a resposta do coelho para uma pergunta de cunho pessoal:
-- Quando a vontade é "de perto, se longe, ou de mais perto, se perto" ..
Apenas um segundo é suficiente?

Ah tempo nublado! Porque tu és tão rude comigo?

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Assunto xis


Ouvi tua voz desconcertante cortando a madrugada fresca enquanto moldava vibrações desafinadas .. Quão incontrolável era a espontaneidade do outro lado, que relutei qualquer fuga interna e decidi seguir adiante, sem pronunciar meu plano falho.


O tom oscilava entre o grave e o agudo .. Provocando involuntariamente a quebra de certas regras .. O horizonte negro, carregava algumas nuvens que escondiam a lua e outros segredos .. Ás vezes o diálogo era com o silêncio, e cá entre "nós", ele evidenciava seus suspiros.
 
 
Ah, seus suspiros! Constroem meu lado poético e brinca comigo antes de dormir .. Se despede criando possibilidades e embalam meus olhos ao admirá-la .. Observo-a como faço com a lua e assim como ela, você é linda e sabe disso .. Qual foi a razão em termos conversado sobre o assunto xis? Este assunto deve ser mantido em sigilo absoluto!


A fala estava intimamente ligada à um desejo (este, permaneceu intacto). Os desajustes musculares incendiavam uma dicção verbal associada à inconstância de vocabulário. Ela vivia o auge da loucura e queria dividir isso comigo e também a voz rouca, abarcando meus instintos.
 
 
O timbre alucinava minha imaginação, rendia-me em divagações onde à encontrava "acessível" e disposta à ser adulterada .. Provovalmente eu deixaria de existir por alguns mintutos e me imaginaria sendo um satélite esperto e com sorte por tocar um ser humano tão conflitante, tão sedutor e tão atraentemente irresistível.


Oras! Devo comportar-me com seriedade .. Porém, ela incentiva minha vulnerabilidade e ponho-me ao seu dispor e de repente tudo é pólvora e queima lentamente, depois sobra a fumaça e a névoa artificial .. O que eu desejo? Que nossa loucura não se acabe!