Ouvidos atentos, sensíveis à sonoridade dos passos de quem chega ou vai.
Deixei a vida para lá .. Larguei meu relógio .. Enverguei o corpo para cá ..
Percebi o óculos embaçado, mas e daí? Queria mesmo era ver a lua!
O silêncio surgiu agindo como as cores, roubando sentidos incertos.
A paisagem versa no brilho dos olhares e faz-se abrigo seguro.
O toque sutíl e o abraço mansinho, causa o equilíbrio.
Amor, mal chegastes e já vai embora?
(a razão compreende .. o coração se faz de tolo).
Tiro a sandálinha de couro .. Sinto a positividade da grama.
Ainda resta alguma tentativa frouxa de erguer-se em meio ao caos.
Ou ao menos, deveria existir.
Foram quarenta dois passos no asfalto.
Uns vinte e seis no cimento.
Depois, virei pó .. Um pó fino .. pó!
E quando eu não alcançar as estrelas e não poder lamber a lua?
Para suportar minha velhice hei de comprar livros de filosofia.
E algum que explique sobre essas dores no joelho.
Gostaria de fechar os olhos e de abrir os braços ..
Deixar a desorientação guiar meus instintos ..
.. mas não aceito o desafio e proibo-me sentir frio.
Hoje e os dias próximos que estão por vir, dispenso companhia ..
Despejo sentimentos e despenco em agonia.
Não deve ser ruim se eu souber valorizar meu canto.
Oculto o desespero .. Escondo a face .. Driblo o espelho ..
Não me compre uma flor .. dê-me um doce, talvez maçã do amor!
Descansarei naquelas rosinhas brancas e amarelas e acordarei no paraíso.
Esta de malas prontas há cinco meses .. Aceitei tal afastamento.
Renuncio do que lentamente o tempo construiu e não o pretendo resgatar.
Isso não é fácil, requer um estado de espírito que nem todos aguentam.
A distância zomba e insulta como se fosse provocação.
Eis chegada a hora de providenciar o absurdo de ser o que não se é.
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