Essa aragem que sopra todo fim de tarde em dia quente
Empurra-me para fora de casa e eu puxo um poema.
É uma loucura com sabor de carambola e fruto do framboeseiro
Servida ao cacau puro e vinho branco com queijo fresco.
Apreciando a tarde tímida dando adeus com maestria, escrevo:
- Suspeito que só é livre quem nascer passarinho!
Observo a terra molhada e ando descalça na grama fresca no final do mês de maio.
Agrada-me ver a cana quase madura que atrai um exército de formiguinhas frágeis.
O cheiro suave que a orquídea em movimento exala
Hipnotizam-me tanto, que chego à ouvir Ludwig van Beethoven.
Quisera eu guardar todo esse ar puro nos pulmões
Descobrindo assim, o segredo da imortalidade e da beleza fugaz.
Há anos assisto todo esse espetáculo de cores que o céu promove
... fino e forte ...
... fino e forte ...
(entre às cinco e seis da tarde).
As folhagens me acarinham com mais destreza que as mãos de um adulto
E a este naturalismo, de probabilidades ambíguas, hei de ser fiel.
Sinto imenso prazer e pleno gozo ver o sol caindo, dando espaço à lua
Que vem para abrilhantar meu quarto e me fazer mais corajosa.
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