sexta-feira, 8 de julho de 2011

Solidão


Que venha o apreço por experimentar uma solidão mais gentil e mais educada
Já não quero mais essa que se instalou em meu peito e aparece todo fim de tarde.

Que venha encarar-me durante a monótona madrugada pondo-me desprotegida
Diante das tentativas falhas de apequenar essa lembrança triste.

Que venha impia provocar a composição de versos desprovidos de fé
Tornando-me escrava lânguida do ébrio.

Que venha provocar-me alucinações e vertigens em pleno mês de julho
Aduzindo vícios que vorazmente dominam os vazios impetuosos deste juízo.

Que venha no vapor atmosférico a neblina formando gotinhas minúsculas
Que osculam nas folhas do jacinto e do jasmim, entre outras plantas...
Exalando uma essência perfumada que atiça alguns insetos.

Que venha como encanto esse perfume, invadir meus pulmões e sufocar
Minha memória onde guardo as cenas preciosas de quando deitavamos na grama
Para apreciar a lua e conversar bobeira ... Lua, que hoje deprecia minha decadência.

Que venha o derradeiro movimento súbito e me faça sua vítima fatal
Que venha esse aroma e se alastre entre minhas pleuras.

Que venha causando a destruição e a ruína.
Como um veneno interrompendo em proporções lentas
Essa minha vida entusiasmadamente degradante ...

Que venha! Que venha!

4 comentários:

  1. Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.
    (Nietzsche)

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  2. Engraçado que a solidão é uma "mal-educada": Além de vir sem ser convidada, nunca vem sozinha. Traz a nostalgia e melancolia.
    Gostei daqui, me senti em casa com os temas que escreves e escreve-os bem. Também tenho um blog, talvez você goste de lá também.

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  3. A Solidão as vezes é um mal que só tem um único remédio: o "mau" que ocassionou essa mesma solidão!!

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  4. Concordo. Por mais que tentamos amenizar essa solidão ou ate fugir dela. Nós no mais intimo, sabemos o que unicamente a fará sumir. Mas muitas vezes, essa tal "coisa" é impossível de acontecer novamente. A solidão por tão presente, acaba por ser nossa única e fiel companheira. E eu, confesso, já não me vejo sem ela.

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