No andar superior, eu caminhava distraída com as mãos no bolso do casaco.
Inclinei a cabeça para baixo e avistei um banco vazio .. tão triste!
O dia estava nublado, as cores eram frias e parecia não existir vida em nenhum lugar.
Algumas quadras dali, no décimo terceiro andar alguém ligava a ducha no quente ...
O jorro d'água espalhava-se pelas manchas da pele desgastada drenando a exaltação.
Sem pestanejar, apanhou o sobretudo preto e vestiu em trinta segundos ...
Fechando a porta, estendeu a mão para pegar o guarda chuva pendurado à direita
(ao lado de um quadro torto do Charles Chaplin).
(ao lado de um quadro torto do Charles Chaplin).
Andava passos lentos, deixando pegadas de coturno no asfalto molhado
(entre passos e pegadas apoiava sua melancolia no guarda chuva)
(entre passos e pegadas apoiava sua melancolia no guarda chuva)
Seu destino? O banco triste, úmido e gelado.
Sentou-se. Esticou as pernas. No colo, pos o guarda chuva.
Uma música tocada ao saxofone veio de uma das salas cheias de gente.
Ele fechou os olhos e se deixou levar pelas ondas da sinfonia.
Debruçei-me sobre o corrimão da escada e disponibilizei toda minha atenção.
Seria ele um anjo embriagado ou apenas fruto da minha imaginação?
Tirou o chapéu e o cheirou por um longo tempo .. curioso isso!
Pelo semblante, parecia-me um cheiro bom (daqueles que trazem lembranças).
.. depois navegou com as mãos o corpo do banco.
Desconfio que existe ali algum significado emocional.
A música chegou ao fim e como uma estátua de zinco ..
O velho permaneceu na mesma posição com o olhar fixo ao horizonte.
De tempo em tempo, fazia um esforço e ria para o céu.
Será que ele enxergava um desenho engraçado nas nuvens?
Ou será que a lucidez havia sido invadida pela covardia do dia a dia?
Joguei uma pétala de rosa amarela que foi corajosamente em direção à sua morte.
Ao tocar a chuva empoçada na calçada despertou um movimento do velho
... que levantou-se e procurou a direção de onde viera a pétala misteriosa.
Meus olhares eram de julgamento .. Os olhares dele eram de proteção.
Ao analisar a cena, penso:
.. quanta delicadeza, honra e simpatia para um homem aparentemente robusto..
Se eu fosse transformar o velho esotérico em poesia ...
Eu o desenharia ao lado de um cavalo branco em um dia dourado.
Pintaria seus lábios de rosa e tiraria aquela carência à espera de afagos.
Iria buscar mil borboletas e soltá-las em uma ilha de pirâmides e pedras!
Transformaria cada pensamento íntimo em realidade ...
À fim de exterminar suas fantasias escuras e trazê-las para claridade.
Eu recriaria Eva com traços sensuais para dispor-lhe todos os prazeres imagináveis.
Não existiria maçã. Não existiria pecado. Não existiria proibição.
Seriam somente os dois e o eterno paraíso afrodisíaco!
Realmente como vc disse,escrita bem difrente,ta insipirada hein!!gostei,não foi agressiva,foi suave como uma brisa e gostoso como uma chuva de verão!!^^
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