quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Desconfio



Estou farta desses ruídos agudos invadindo-me os ouvidos.
Prefiro ouvir mil vezes o grito mais alto da natureza e seus bichos!
A vida sofre constantes abalos à cada esquina.
O perigo nunca se dá por satisfeito .. 
Chega de imperfeições e rituais monótonos ..  
Quero fugir desse lugar.
Daqui em diante tudo será do meu jeito!

O silêncio chega à ser absurdo desse lado esquerdo do lago.
Folhas caem formando um desenho no chão (como um rabisco de criança).
Corri algumas quadras à fim de provocar um breve cansaço.
Com as mãos aos joelhos, respirei fundo para buscar fôlego.
Sentei ao chão e olhei um palmo à minha frente. 
.. Um riso surpreso aponta no canto inferior dos meus lábios ..
Era ela .. A lua .. Bem ali (aos meus pés), refletida no embalo lento do lago.
.. linda .. cheia .. viva .. audáciosa ..  
Tão, mas tão minha .. que não trocaria esse cantinho por nada!

Poderia montar uma cabana e morar aqui para sempre.
Meus passeios seriam de barco e remo ..
Não teriam convidados .. somente pássaros .. andorinhas e canários.
A paisagem pula da tela abstrata para o mundo real.
.. O tempo, a neblina, o céu, as cores, o sol, o vento ..
.. a chuva, a curva, o raio, a garoa fina ..
Um infinito de beleza todo ao meu dispor.

Pintaria mais um astro na areia: seus olhos.
.. que seguiriam os passos pisados até um arco-íris
Onde tu chegarias nua (como em meu sonho) ..
Eu taparia sua nudez mordiscando-te com os lábios.

Brindaria o dia encontrando a paz enquanto provo seu beijo.
Sentiria seu corpo debaixo de uma cachoeira enquanto declamo seu poema!
Procuraria seu prazer vagarosamente no embalo que produz teus gemidos.
Seguraria teu peso numa onda admirando teu sorriso que não revela nada ..

Soprando-me vida e inspiração, você surgiu ..  
Parece que só por ti, minha querida, continuo viva ..
Como se fosse um motivo para eu acreditar em mim mesma.
.. esse é um falso segredo que proibo-me de compartilhar .. 
Ao qual agrada-me pensar que é verdade. 

Desconfio que seja mesmo só por ti. 
Oh! "minha lua".

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