sábado, 15 de outubro de 2011

Pronome de segunda pessoa


Tu que ocultastes minha lua com magnífico fulgor
.. deixando-a ser acusada de contumácia.

Tu que escapastes dos esplendorosos raios de sol
.. encobrindo-os com leves fios de neblina fria.

Tu que deixastes meus satélites em plena agonia
.. Ocultando lhes a face durante o dia.

Tu, que me embriagastes com ar puro e ventania
.. permitirei que me saboreies com voracidade.

Chuva? Arranca-me os suspiros mais maliciosos
.. e em minha caminhada crie versos molhados
.. passos lentos enquanto os pingos pelo meu corpo, pairam.

À cada manhã que envelhece
.. convido-a para dividir passos.

Deixo a tristeza suplicando perdão
.. avisto a nuvem cinza, ninho da ilusão.

Aponto a imperfeição na curva do vento
.. que despenca do leste da montanha rochosa.

Tu sabes que me tens
.. permita-se pois, atrever-se.

Deixe-me derreter teus prazeres
.. cobrindo-te com um manto ousado.

Venha, cobiçe tais loucuras
.. dissolva amargamente minha timidez.

Chuva, cubra meu corpo e cubra o corpo dela ..
.. farei a proposta .. ela será todo torpor ..
.. lá fora poderia até fazer frio ..
.. mas "aqui" dentro ..
.. aqui não!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

...



A intenção era pintar um quadro verde em tons mesclados
.. porém, meu pincel mais se parece com um lápis ..
Portanto, com um rabisco escrevo o rascunho de um pre-romance ..
"fadado ao fracasso"
.. platônico, misterioso, divertido e abstrato!
Quem dera eu ter o dom destes que escrevem poemas
.. faria o improvável: transformaria seus olhares e sorrisos em poesia ..
Poesia perfumada e indomável, tal como seus quereres inconstantes.
Digo "perfumada", pois o vento traz tua fragância ..
Inebriando meus instintos de possibilidades.
 Digo "indomável", como seus sorrisos ..
Que sem piedade conquistam-me.
Dependo da lua .. ás vezes sinto que devo dizer:
Quanta confusão .. tudo mentira!
Outrora, a vontade muda:
Venha? Segure minha mão ..
vamos andar por aí .. aqui não há solidão.
"não sou apenas um ensaio para felicidade".
Eu só quero você do seu jeito.
.. desse jeito é você ..
.. é esse jeito que eu quero ..
você.
Tu exaltastes teus méritos e eu gosto.
Tu te lanças como misteriosa e jura não soltar as amarras.
.. provoca, brinca, conduz ..
Evidencia sinais e depois os distorce.
.. não a entendo, prefiro transformá-la em nota.

Na gaita em dó flutua uma onda sonora em blues ..
Enquanto a garoa fina derrete a sacada do décimo terceiro andar ..
O silêncio conversa comigo .. o silêncio impõe condições ..

.. tempo .. tempo .. tempo ..
Talvez seja apenas  um espaço vago, que não se limita no vácuo ..
Pode ser um instante .. pode ser lento e pode ser uma oportunidade.

Aprendi a gostar do tempo quando descobri que ele é uma época
.. que antecede o fim do inacabado.

Galhardia minha?
Sim! 

domingo, 25 de setembro de 2011

Sem inspiração para título.


Observando essa florzinha .. sinto toda a dor dela.
É triste não ter braços para nadar e sair dessa poça d'água.
Eu arranco-a de lá .. porém: rosa queimado (sem vida).
A chuva ácida derreteu parte dela.
Eu chorei .. porque choro quando a natureza morre.

Em contraponto, veio ...

A chuva, ostentar um final de tarde magnífico.
O céu, tal qual um maestro, ordenava a música da vez
 .. tango, bossa, blues, samba ..

O vento, valente e impetuoso, veio rasgando as árvores.
 Em uma das curvas, topou de frente com a minha feição destemida ..
 Se tão poderoso, teria arrancado essa sensação intraduzível
.. mas não ..  O vento foi covarde .. ou foi eu quem virou a cara!


Desejaria tornar-me inabalável .. intrépida .. imune ..
Como uma erva daninha!
Porém, sou uma desinteressante desvelada carente ..
que se parece mais um graveto!

 Como diria o cabeludo loiro de óculos e metido a intelectual do rock:
".. o nada é uma palavra esperando tradução .."
Extrema verdade ..
 Convertendo tal frase ao meu íntimo: tu não é nada!

Poderia eu, agregar tua essência a uma história
 .. como uma personagem e criando-a como desejaria ter
.. mas tu, em palavras, não se encaixa. 
.. em vírgulas, não se enquadra. 
.. em sonoridade, é vago.

Sempre que tu flutuava em meus pensamentos
.. logo se tornava verso, prosa ou poesia.
.. isso não é amor .. isso não é paixão ..
mas é tu, quem domina minha inspiração!

Tu, que sempre estas a rondar as horas do meu dia.
É em ti que penso quando escrevo sobre filosofia.

- Como será de agora em diante?
.. tão iguais .. tão diferentes ..
.. par .. ímpar ..
- Como será?

Sinto-me emergida .. tal qual a florzinha rosa queimado.





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"..."



Ela, a inspiração, nasce de um pensamento espontâneo.
vejo-a distante .. inatingível ..
Quem derá somente um insight .. transformaria-o em uma obra poética.
E o silêncio continua .. ele esta de mudança para o meu quarto ..
Reservarei duas gavetas apenas .. é suficiente, ele, que não reclame.
.. fecho os olhos e deixo a percepção sentir o invisível.
.. meus sentidos reproduzem você.
E também a aflição que isso causa .. a culpa .. a intolerância ..
(simplesmente não poderia deixar isso acontecer).
mas .. se ao menos eu pudesse controlar!

Sem inspiração e com problemas de comunicação
.. impossível expressar essa consciência íntima!
.. quase .. tudo .. talvez .. metade ..
sensações que se conflitam entre si e deixam-me nesse eterno rascunho.
Nessa etcétera que ficou mais complexa depois daquela música ..
Ah, a música .. maldita música! (maldita no bom sentido, só porque é Buarque).
Outro dia, estava vendo o nascer do sol e a sinfonia:
"se" eu soubesse .. admito: esse "se" é mais confuso do que eu ..
A solução será mesmo me abandonar "prostrada à teus pés" ..
Afinal: "Pobre de mim .. sonhar contigo, jamais"
Ou tem outro sentido?
"ah "se" eu pudesse te diria na boa, não sou mais uma das tais"
(lá vem o "se" novamente .. o que quer dizer esse "se")?
Quanta contrariedade! Prefiro o: .. pow pow pow pow
Mas acontece que tu sorriu para mim e aí ..

.. não quero deixá-la no caminho .. tão pouco te odiar por segundos ..
.. és iluminada por uma beleza que vibra no embalo da luz 
.. que refletida nas lentes do seu óculos intelectual "quase" ofusca-me a visão.
E ainda assim, insisto em olhar em sua direção (tentando achar algo)
.. isso deve encomodá-la .. prometo: irei parar. prometo.
É que cada vez parece ser a penúltima! 
Estou tentando me expressar .. mas é tão difícil.
Estive lá fora desperdiçando meus passos na calçada com folhinhas amarelas
.. anunciando a Primavera.
Estive pensando em uma forma de evitar cair nessa armadilha que é você
.. que é teus lábios, que é a fala, que é a verdade, que é a provocação.
Quem vai me consolar quando você descobrir que gosto ..
____________
Gosto de ti ..
É isso ..
Eu gosto. 
____________
(acredite: não é simples escrever isso .. mas .. ufa!).
Apaguei e digitei .. Apaguei e digitei ..
.. não é simples .. é intenso .. é desesperador .. é contra a lei ..
"eu nunca quis compartilhar a lua com ninguém .. mas .."
Para falar verdade, ela nem parece mais lua .. 
Arrisquei .. escrevi .. tentei traduzir ..
mas sabe .. ainda não é isso!
não sei explicar .. por vários momentos me culpo ..
irei me distanciar. (é melhor).
decidido.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Devaneios



Eis aqui, uma poetisa nômade .. vagabunda .. errante .. vadia ..
Vim poetar um destino malvado
.. trilhando uma tragédia derivada dos movimentos de um certo sorriso
que guarda de forma secreta sombras de outra época!

Tentando adestrar sensações, encosto a consciência num canto sem ombros
.. e torturo-me perante tal culpa:
 me fascinei por tua inocência acolhedora.

Procedimento mesquinho da minha parte .. quanta indelicadeza ..
 .. pobre de mim! (aceito conjecturações).
Desonrei-me em atos abundantes e inúteis
.. aceitando a má reputação!

Precisas me dizer com clareza nas palavras:
"Poetisa vagabunda, tu deves banir a idéia de querer-me
.. não sou para o seu bico!"
E assim, encontrando a extremidade do fim
.. o aceito e paro de delirar com o teu olhar que me desvia a atenção.

Entretanto, como última expressão de liberdade
.. o "monstro tímido", agora enjaulado murmura cabisbaixo:

Que infelicidade a minha trombar contigo no corredor.
Desventura proibir-me teus beijos (que talvez provocam prazer), não sei.
.. Quanta injustiça não deitar-me após teu prazer.

Ah! Quanta ilusão insatisfatória .. não suporto mais viver de imaginação.
.. mesmo assim, aceito que somos inimigas de alma.
Não quero fantasias e quimeras
.. desconfio que prefiro devaneios! 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dizem



Quisera eu ser explícita, porém, detesto o óbvio da claridade, prefiro o ato leviano
.. que se torna imprudente, inconstante e pouco refletido.
Considero um meio de sobrevivência o que muitos (em mim) não compreendem
.. gosto da calada da noite, da escrita inconsequente, ora branda e ora severa.
Quase todos os dias um violão manso e uma gaita agressiva apetecem meus ouvidos
.. em dias de nostalgia, escolho a grosseria da bateria com a guitarra descontrolada.
Reprovo os ruídos do mundo globalizado .. Defendo a calmaria!
Espectadora assídua das leias da natureza
.. repouso abaixo da lua e enquanto à prestigio, penso situações abstratas.
Cortejo os ares da atmosfera e brindo as poucas estrelas ou nenhuma.
Admito ser egoísta, entretanto, isso é culpa do findo elenco amoroso
.. que faz-me flanar por submundos da consciência que jamais se tornaram realidade.
Odeio ter que revelar-me, prefiro fazer morada na longínqua incógnita do incomum!
Esclarecimentos não fazem parte do meu ser (explicações podem ser inventadas)
.. gosto apenas de olhar atentamente a obra prima de conhecer a essência do alheio.
Para assim, se desfazer da fala, da expressão e usar somente a visão
.. e caso, a visão falhe, eu opto pelo tato..
(pegar e sentir também me provoca a imaginação).
Dizem que sou sensível, eu confirmo .. porém, são em casos de extrema vulnerabilidade.
Dizem que sou fria, discordo .. acabo sempre me queimando em diversas aventuras.
Dizem que sou "esquisita" .. aprimoraria a frase citando que é uma "estranheza admirável".
Dizem que sou louca, tremenda injustiça .. nem sabem o real significado da palavra.
Dizem que sou lunática e confesso que sou um sujeito à influência da lua.
Dizem que sou praticante do Ceticismo, sim, sou ..
(quem acredita em verdades absolutas não sabe pensar, tão pouco questionar)!
".. confusa, implicante, complexa, difícil, maníaca .."
São tantos absurdos que dizem, e sabe.. vivo no limite dessas contrariedades
.. mesmo que a tendência seja piorar, é simples aceitar-me como sou.

A verdade é que sou apenas alguém que conjuga verbos sentimentais .. nada mais!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Inferno particular



Essa noite a lua veio assenhorear-se da minha sensibilidade e dilacerou os pedaços dessa ilusão que nitidamente tem assaltado meus sentimentos que flutuam agitados, sinto-os digladiando entre si e gritando em silêncio para minha consciência: pare! pare! pare! Perturbando a minha rotina e  roubando-me até um futuro, com qual sonhei esses dias ..

É um inferno particular que me obriga à escrever ligeiramente comendo as letras do teclado e falando alto a palavra antes de escrevê-la .. Parece que estou brigando com meus pensamentos, como se fosse simples apagar essa estima que eu mesma, involuntariamente criei através de uma cilada .. (antes, inspiração .. agora, eterna etcétera!?)

Nasce aqui uma agonia! Uma enfermidade! Uma angústia! Uma teoria de que sou realmente assassina de amores reais, preferindo sempre o platônico .. É como se eu tivesse escolhido por quem sofrer .. Absurdo isso!
Peguei a gaita empoeirada e inalei o tempo .. corri para fora de casa sem me importar com a obra inacabada e em meio à bagunça, olhei a lua e em tom de ameaça soquei "black desafinado" no vento! Minha vontade era desabafar em palavrões, entretanto, a música pareceu-me mais intelectual.


Cheirei a folha da Jabuticabeira pensando nela .. Que mistério essa garota tem? Que maldita insensatez eu brotei nas ramificações do meu peito? Talvez a maior dose de loucura ou será o "sexo intelectual" que eu tanto procurei .. que eu tanto tentei explicar ao alheio e eles nunca entenderam .. Será que ela entenderia?
.. Palavras desordenadas .. Pensamentos contraditórios .. Saudades simbólicas ..
De repente, minha insanidade colidiu com a realidade e tropeçou numa rua sem asfalto com calçadas quebradas num emaranhado de folhas em vários formatos.

Meu espírito à procura de abrigo, encontrou sossego, calmaria e suavidade regada à paz nos sorrisos que despontam daqueles lábios .. Recriando um novo aspecto à sua forma, daria-lhe o nome: Caos, com sobrenome: Paraíso.

Parei na esquina e tentei conduzir lembranças para outro lugar, distante da minha presença e longe de onde meus pés pudessem alcançar .. falando em pés, andei deixando a marca das minhas pegadas no terreno baldio onde moram algumas garças ousadas que teimam em falar comigo durante as madrugadas.

Mesmo com as luzes apagadas, minha alma ordena para a retina reproduzir sua imagem clara e és tão perfeita, quanto intocável .. quanto indomável .. quanto insatisfeita. Estou furiosa com os fantasmas que me cercam e hoje, dormirei fora de casa!